sábado, 26 de fevereiro de 2011

sem título

sombras e luz.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

vendavais do tempo

enquanto se esvai o tempo,
como areia de um deserto ao vento,
dobram-se cabos de tormentas,
redobram-se forças e revoltas.

que essa areia assentará sempre algures,
no futuro,
algures,
sempre.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

os vampiros

não nos basta saber
que nos roubam o pão,
que contra nós
conspiram escondidos
os parasitas e os assassinos.
não nos basta saber
que morrem de fome os nossos irmãos,
e que os homens livres morrem na prisão.

não nos basta saber que os vampiros
morrem quando páram de chupar-nos o sangue,
é preciso querer e fazer com que eles párem.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

esgota-se o tempo

já não há tempo para que a poesia se dê ao luxo
de passear nos bosques encantados e nos egos poluídos
dos intelectuais de escrivaninha.

já não há tempo para que os versos se ostentem,
bem rimados, construídos, bem ritmados, bonitos,
nos corações vazios da burguesia.

é urgente que as palavras ganhem o peso das pedras,
se revoltem com os que vivem sem poesia e sem pão.
não há tempo para brincar aos poetas, ao depressivo snob en vogue.

só nos resta tempo para que se não nos acabe o tempo,
para que gritemos ainda que não abdicámos do futuro,
com propriedade, ou mesmo sem.