como fosse esta noite
uma de inverno,
sendo verão.
como fossem flores
as pedras negras
cuspidas da boca de um vulcão.
como incandescente ficasse
a cratera do tempo.
como cheio fosse o verso
meticuloso e bem organizado
da poesia vazia.
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3 comentários:
Metamorfoses que te fazem...um verso cheio!
Saio, reflectindo!
Beijo
Não sabia que os comunistas também amavam! Pensava que se guardavam ( reforçando-se, com o degustar de criancinhas ao pequeno almoço; pois então!) para aqueles amanhãs que em gloriosas melodias cantam! ah ah… estou a brincar! : )
É telúrica mas cheia de subtis desejos do divino a tua poesia! Como que uma coerência do paradoxal…
Ao lê-la tenho aberto novos horizontes ao meu deleite; pelo ganho de consciência de que existe nuances onde está escondido o sentido menos óbvio e por isso mais precioso…
Tenho sido injusto na apreciação de alguma poesia de outros poetas que vou lendo em avulso! Vai-se andando e aprendendo… e eu orgulho-me de não ser estático!!
Das subtilezas da tua poesia me cinjo com o cinzel com que dou forma a alguma da minha:
Ígnea é toda a palavra
que um destino para o desejo procura
laboriosa lavra
em busca do corpo onde se personifique a ternura
o telúrico sentido
de uma carne purgada de todas as divindades
que quer sublimar um deus esquecido
na promiscuidade dos corpos em permuta das maiores verdades
é o verbo e o substantivo
que um ao outro se dão na esperança de um filho
a vogal travestida de fugitivo
indicando a possível localização do ultimo trilho
para quê invocar exércitos e a força do vulcão
se o fogo que tens na alma te esmaga o coração?
para quê purificares-te no desfiar dos dias
quando esperas num lugar onde dizias que chegarias?
tudo é um chegar mas houve também um partir
de onde nos ausentamos fica o alivio ou a saudade
entre o chegar e o ir
ouve todo um retrocesso de uma eternidade
ígnea é toda a palavra esculpida
ígneas são as vidas dentro de uma só vida
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