quarta-feira, 14 de outubro de 2009

uivo

o espelho é o meu inimigo mortal
a aparição, minha infiel revelação,
o espírito turvo, a madrugada revolta.
espera-me sempre o dia de amanhã
quando a noite começa.
nunca a noite dura a vida que devia
para poder cantar à lua infinita
as canções de amor,
em tom de lobo,
de uivo.

5 comentários:

leal maria disse...

Revela-se o reflexo no espelho mais cheio de sombras de nossa alma à noite. De dia a luz ofusca esses cambiantes que melhor nos descobrem e ouve-se muito pior os nosso uivos. Ou será a luz que nos lava das sombras para que renasçam na escuridão?

Poema nostálgico e algo gótico... gostei mesmo!

utopia das palavras disse...

Nunca a noite dura a vida inteira...nem o tempo alcancará a madrugada, por isso no lugar dos uivos da sedução...choramos as noites de escuridão!

Li, reli e gostei imenso do teu uivo!

beijo

Anónimo disse...

O espelho! Pois... o espelho. Mas devolve-nos ele, sempre fielmente, a inmagem de como estamos?
E, tendo tu tão bem "agarrado" a minha fixação nos verbos ser e estar e sua diferença, reconhecer-nos-emos no espelho em que que nos procuramos, continuamos a ser o mesmo que fomos?
Quanto à parte final, olha... nunca o dia dura a vida que devia, mesmo somando-lhe as horas da noite,as horas de trinar uivos (não sei se gosto da forma...)

Há que tempos que não te dizia nada... calhou agora... na passada-passagem.

Um abraço

miguel disse...

bolas, também não gosto da forma. resolvido. é o que dá não reler o que se escreve.

Sérgio Ribeiro disse...

Não sei que deu a este computador que mandou como anónimo o que não era nada anónimo, o que tinha um abraço com a minha assinatura.
Nesta revisão nocturna apanho com esta... ainda por cima já sem trinados e com tom de lobo (olha que ficou melhor!)
Desculpa lá - a mim e ao "gajo" que computa.

E vai o abraço desta vez com assinatura