haverá no mundo poucas coisas que nos façam estremecer ante a maravilha.
porventura é até difícil dizer-lhes os nomes. bem sei que nos filmes, os nomes que não se dizem são os do mal puro, mas não é menos verdade que não se diz em vão o nome de deus.
num dia de primavera, em que o céu aberto abraçava aquela humidade que fica no cume das montanhas pela manhã e o sol teimava em se vir insinuando sobre a escuridão do inverno húmido, a poesia caminhou no nosso mundo e, como na mais bela pintura, sobre o verde da Serra, longos cabelos negros ondularam no suave vento que descia a encosta a norte. o cheiro a rosmaninho e os pontos vermelhos do medronho afirmam-se no fundo verdejante que nasce no suão mediterrânico.
quando ela se sentou numa pedra pediu à Arrábida que lhe contasse os segredos, que partilhasse as riquezas, como se quisesse ligar-se a cada pedra, cada gruta ou estalactite, cada pequena árvore ou grande carvalho. conta-me os teus segredos, pediu-lhe. e a Arrábida contou-lhos, num murmúrio secreto.
um murmúrio que era afinal cada uma das batidas do seu coração.
com as mãos sobre a pedra, e o cabelo desvendando um sorriso puro, sentiu mais profundo cada pulsar do ar, da terra, do mar.
uma raposa, sentou-se, algo hesitante, mesmo a seu lado. conta-me os teus segredos, disse-lhe. e a rapariga contou.
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2 comentários:
Verdade que a poesia por muito querer, se entranhou no seio da serra e ante o espanto verdejante, gotejou um verso em cada pedra, em cada caule, em cada trilho e nas pizadas dos pássaros!
Grata pelo que li!Belo!
Abraço Miguel
Hello!
estava eu actualizar o meu perfil no blogger, qdo me lembrei de vir espreitar aqui o teu espaço...
adorei, há muito que não fazias contos!
beijocas e continua a deslumbrar aqui o pessoal ;)
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