quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

parasita

já nos dói a vida do dia-a-dia,
de ficar mais pobre neste sol
que estava ainda na anterior lua.

pago eu a tua barriga gorda,
o inchaço dos teus bolsos,
com a fome dos meus filhos
e minha barriga vazia.

pago com os calos das minhas mãos,
a finura dos teus dedos;
com o suor do meu corpo,
o fresco conforto do teu ar condicionado;

pago com as noites mal dormidas,
o teu sono descansado;
com a renda da minha casa,
as obras que nela nunca fizeste;
pago com o meu desespero,
o teu opulento descanso.

e de tudo quanto faço,
me roubas o maior pedaço.

roubas, roubas, roubas
e vives acima do que posso pagar-te,
bicha solitária, filha da puta.

1 comentário:

Maria disse...

Por um momento lembrei-me de dois grandes nome da poesia lusófona: Vinicius e Ary.
Sorrio-te!

Um abraço.