terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

esgota-se o tempo

já não há tempo para que a poesia se dê ao luxo
de passear nos bosques encantados e nos egos poluídos
dos intelectuais de escrivaninha.

já não há tempo para que os versos se ostentem,
bem rimados, construídos, bem ritmados, bonitos,
nos corações vazios da burguesia.

é urgente que as palavras ganhem o peso das pedras,
se revoltem com os que vivem sem poesia e sem pão.
não há tempo para brincar aos poetas, ao depressivo snob en vogue.

só nos resta tempo para que se não nos acabe o tempo,
para que gritemos ainda que não abdicámos do futuro,
com propriedade, ou mesmo sem.

6 comentários:

Maria disse...

Aqui está um verdadeiro poema de Luta!

Isabel Santos disse...

Levei emprestado, Miguel!

Também, e muito, com as palavras lutamos!

Abraço.

Lady Sybylla disse...

Simplesmente lindo e inspirador...

Odete disse...

Ao ler este poema, lembrei-me de José Gomes Ferreira.
"É urgente que as palavras ganhem o peso das pedras"... Adorei. Gostava muito de o partilhar. Será que posso?

miguel disse...

Partilhe a vontade. Aliás, é urgente dizer a toda a gente!

sarue disse...

limdo esse poema muito interesante